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DIAGNÓSTICO DE LEUCEMIA MIELOMONOCÍTICA CRÔNICA EM PACIENTE COM INFECÇÃO PELO NOVO CORONAVÍRUS: RELATO DE CASO

Mulher de 68 anos, hipotireoidea, em uso de levotiroxina, COVID confirmado em exame realizado há 3 dias; deu entrada no pronto atendimento de um hospital de grande porte devido a piora dos sintomas gripais, febre, astenia e dispneia aos esforços com piora progressiva. Apresentava palidez discreta, s...

Descripción completa

Detalles Bibliográficos
Autores principales: Santos, FSD, Carneiro, MA, Dias, IO, Sudário, LC, Andrade, RM, Oliveira, HM
Formato: Online Artículo Texto
Lenguaje:English
Publicado: Published by Elsevier Editora Ltda. 2021
Materias:
Acceso en línea:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8530610/
http://dx.doi.org/10.1016/j.htct.2021.10.920
Descripción
Sumario:Mulher de 68 anos, hipotireoidea, em uso de levotiroxina, COVID confirmado em exame realizado há 3 dias; deu entrada no pronto atendimento de um hospital de grande porte devido a piora dos sintomas gripais, febre, astenia e dispneia aos esforços com piora progressiva. Apresentava palidez discreta, sem outros achados dignos de nota. À admissão, apresentou leucocitose (Gl 18900/mm³) com desvio à esquerda sem anemia (Hb 13.1 g/dL) ou monocitose, associada a trombocitopenia moderada (98000/mm³). Tomografia de tórax mostrou infiltrado difuso sugestivo de pneumonia por Covid-19. Iniciada dexametasona 6mg/dia e antibioticoterapia empírica (ceftriaxona e azitromicina). Após 3 dias de internação, manteve febre; solicitadas hemoculturas e escalonada antibioticoterapia para Piperacilina-tazobactam. Evoluiu com anemia normocítica e normocrômica discreta (Hb 11.8g/dL), trombocitopenia leve (132000/mm³) e piora de leucocitose (16600/mm³), monocitose (4628/mm³) e surgimento de blastos em hemograma. As hemoculturas fecharam negativas. Devido à piora da leucocitose (Gl 46700/mm³) e da monócitos (9807/mm³) foi solicitada avaliação hematológica; realizada hematoscopia, que evidenciou alterações displásicas nas três séries. Realizada imunofenotipagem de sangue periférico, que mostrou presença de 15,8% de blastos mielóides, CD14- e CD16-, sem basofilia, com desvio à esquerda até promielócitos. Estudo medular inicial foi inconclusivo, com hiperplasia granulocítica e megacariocítica. Após 7 dias de antibioticoterapia, optado por alta hospitalar com proposta de acompanhamento ambulatorial, uma vez que a paciente manteve estabilidade clínica. No seguimento, evoluiu com queixa de astenia; novo hemograma mostrou piora da anemia e da trombocitopenia, assim como piora da leucocitose. Novo estudo medular realizado, com pesquisa da translocação BCR-ABL, mutaçõesJAK2, CALR, MPL e pesquisa de sideroblastos em anel, todos negativos. No mielograma, encontrado hipercelularidade granulocítica com maturação normoblástica, monocitose (13,2%), aumento do blastos(15.4%) e de megacariócitos displásicos. Cariótipo 46, XX, del (20) (q13.1). Biópsia de medula óssea com hiperplasia granulocítica e ausência de fibrose. Diante do exposto, foi feito o diagnóstico de Leucemia mielomonocítica crônica (LMMC-2). Realizado tratamento com azacitidina por 5 ciclos, mantendo leucocitose. No momento, aguardando transplante de medula óssea alogênico. DISCUSSÃO: A LMMC é uma neoplasia hematológica mieloide com características de ambas as síndromes mielodisplásicas (SMD) e neoplasia mieloproliferativa (NMP), com até um quinto dos casos relacionados a condições inflamatórias/auto-imunes, conforme ilustrado neste caso, onde o seguimento é necessário para o diagnóstico. Trata-se de doença rara, predominante em idosos do sexo masculino. A apresentação varia conforme características mielodisplásicas ou mieloproliferativas, podendo se apresentar como monocitose incidental em indivíduos assintomáticos. Para o diagnóstico, é necessária a exclusão das doenças mieloproliferativas crônicas e de causas reativas, obedecendo os critérios da OMS de 2016. O tratamento varia conforme estratificação de risco e características clínico-laboratoriais mieloproliferativas/mielodisplásicas, com uso de terapia citorredutora ou hipometilante, respectivamente. O transplante alogênico de medula óssea é a única alternativa curativa disponível no momento, no entanto muitos candidatos não são elegíveis devido suas comorbidades.