INFECÇÕES FÚNGICAS INVASIVAS EM PACIENTES COM COVID-19 EM UM HOSPITAL PÚBLICO NO NORDESTE DO BRASIL, 2020-2021

INTRODUÇÃO: Infecções fúngicas invasivas (IFI) têm sido observadas em indivíduos com quadros graves de covid-19. Em geral, estes pacientes necessitam de internamento hospitalar prolongado e suporte de terapia intensiva, bem como o uso de diversos dispositivos invasivos. Tais fatores contribuem para o desenvolvimento de IFI em pacientes com Covid-19. OBJETIVO: Relatar os casos diagnosticados de IFI durante o internamento de pacientes com diagnóstico de Covid-19 no Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), localizado em Fortaleza/CE, no Nordeste do Brasil. MÉTODO: Estudo tipo relato de casos em pacientes com Covid-19 que apresentaram IFI durante o internamento, entre março/2020 e dezembro/2021. Os casos de IFI foram identificados através dos registros do laboratório de microbiologia do HSJ, e os dados clínico-epidemiológicos foram coletados através da revisão de prontuários. RESULTADOS: No período do estudo foram identificados 22 casos de IFI, sendo oito casos de histoplasmose disseminada (HD), sete de candidemia, quatro de aspergilose pulmonar invasiva (CAPA), um de neurocriptococose, e dois casos de pneumonia fúngica associada à ventilação mecânica (PAVM) por Saprochaete spp. e Fusarium solani. Dos casos de HD todos eram do sexo masculino, com uma média de idade de 35,1 anos. Infecção pelo HIV foi evidenciada em 100% dos casos. O tempo médio para o diagnóstico de HD foi de 3,8 dias. Óbito ocorreu em 37,5% dos pacientes com HD. Em relação aos casos de candidemia e CAPA, a maioria era do sexo masculino, e a média de idade foi de 68,7 e 69,7 anos, respectivamente. O tempo médio para o diagnóstico de candidemia foi de 6,6 dias e para CAPA de 7,2 dias. Óbito ocorreu em 71,4% e 50% dos pacientes, respectivamente. O caso de neurocriptococose ocorreu em paciente HIV positivo, de 47 anos, que foi diagnosticado com IFI nas primeiras 24 horas de internamento. Após seis dias da admissão hospitalar paciente foi a óbito. Os dois casos de PAVM foram diagnosticados em indivíduos do sexo masculino, com idade de 74 anos (Saprochaete spp.) e feminino, com 84 anos (Fusarium solani). O tempo médio para o diagnóstico de PAVM foi de 39 dias para infecção por Saprochaete spp. e 8 dias para fusariose. Ambos os pacientes foram a óbito. CONCLUSÃO: IFI em pacientes com covid-19 foram mais frequentes em idosos e imunossuprimidos, havendo uma alta frequência de óbitos.